top of page
Capa Mulheres.tif

   GCC na capa da Química Nova, fruto do artigo "Mulheres na Química Brasileira". O artigo de 2020 levantou dados de toda trajetória de uma mulher cientista na área da química, desde a iniciação científica e pós-graduação até aprovação de projetos, autoria de artigos e cargos de liderança. O levantamento (de inúmeros dados) foi realizado pelas meninas do GCC: Naiane Naidek (ex-aluna de pós-doutorado), Yane Santos (doutoranda), Patricia Soares (mestranda), Renata Hellinger (mestranda) e Thayna Hack (IC), orientadas pela Prof. Elisa S. Orth.

   Essa página tem o intuito de divulgar alguns dos dados obtidos. Leia o artigo na íntegra no DOI

A capa retrata as múltiplas faces das mulheres cientistas!

   O primeiro levantamento buscou identificar a representação feminina dentre alunos de iniciação científica (IC), mestrado e doutorado. Os dados mostram claramente que mulheres são maioria: 53%. Entre alunos de IC, a região centro-oeste tem mais mulheres; Entre mestrandos e doutorandos, a região sul tem mais mulheres representadas. Ainda assim, olhando para o prêmio CAPES de tese entre 2006-2018, mulheres foram agraciadas apenas em 33% da premiações.

1.tif

   No próximo passo da carreira, foi analisada a representação feminina dentre docentes de cursos de Química nas universidades no Brasil. No Brasil, tem-se 42% de mulheres docentes em cursos de graduação (2019) e 36% em cursos de pós-graduação (2018). As regiões com maior representação são o Nordeste e Sul. Dentre algumas instituições de destaque, observa-se que a UFC possui maior representação feminina: 52% na graduação e 53% na pós-graduação. Já a UFSC apresenta menor representação: 24% na graduação e 20% na pós-graduação.

2.tif

   A análise também contou a representação feminina dentre bolsistas de pós-doutorado e produtividade. Ao progredir na carreira, indo de bolsista pós-doutorado para bolsista produtividade 2 → 1D → 1C → 1B → 1A, tem-se uma diminuição drástica de mulheres representadas, indo de 49% para até apenas 12%. Alcançar o prestígio de ser bolsista produtividade 1A é considerado um dos pontos mais altos da carreira e no Brasil tem-se apenas 7 mulheres no Brasil inteiro. Dentre os membros titulares da Academia Brasileira de Ciências (área Química), apenas 19% são mulheres. São essas posições de destaque que são importantes vitrines para inspirar futuras gerações.

3.tif

   Em seguida, a representação feminina na aprovação de projetos de pesquisa Universal-CNPq. De 2007 a 2018, observa-se que para projetos na faixa A (de menor valor) tem-se 35% de mulheres com projetos aprovados, enquanto na faixa C (de maior valor) que é mais concorrido e em geral envolve pesquisadores com maior prestígio, tem-se apenas 21% liderando projetos. Infelizmente, ao longo dos anos não se observou nenhuma mudança significativa nesse cenário. Por fim, na coordenação dos INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia), uma posição estratégica na ciência brasileira e de grande aporte financeiro, apenas 18% são mulheres. Ou seja, quanto mais "prestigiada" a posição, menos mulheres representadas.

4.jpg

   O cenário também foi avaliado quando o assunto é a representação feminina em posições de liderança. A coordenação de graduação e pós-graduação tem 42 e 32% de mulheres, respectivamente. Mais alarmante é a representação na presidência de sociedades científicas e órgãos de fomento. CNPq e ABC nunca tiveram uma mulher presidenta, enquanto a SBQ teve uma até agora (a segunda mulher irá assumir em 2022). Até mesmo entidades como a IUPAC só tiveram 2 mulheres presidentas. A representação feminina é fundamental nessas esferas, visto que participam de formulação de políticas públicas e ditam como a ciência brasileira caminha.

5.jpg

   Ainda considerando a representação feminina em cargos de liderança, foi verificado o histórico de mulheres em cargos de liderança, como presidência, vice-presidência, diretorias e conselhos em vários órgãos de fomento e sociedades científicas. A ABC em toda sua história (1916-2019) teve apenas 2 mulheres vice-presidentas e 4 mulheres na diretoria - nunca teve mulher presidenta. A SBPC e SBQ possuem números pouco maiores, mas ainda bem baixos: 28% dos vice-presidentes foram mulheres. Na diretoria, durante toda história da SBPC (1948-2019), 30% eram mulheres. Já na SBQ (1977-2019), sua diretoria já contou com 23% de mulheres e seu conselho 19%. No CNPq (1951-2019), as mulheres representaram apenas 9% da diretoria e 3% do conselho. No comitê assessor da área de química, que contava com 12 pessoas em 2019, esse valor era de 42%.

   O artigo também levantou dados acerca das mulheres em publicações científicas, considerando autores brasileiros entre 2018-2016 (100 artigos - Web of Science). Dentre algumas revistas gerais de relevância na área de química (não foram avaliadas revistas de áreas específicas), observa-se que na média quase 60% não tem nenhuma autora mulher. Ainda, apenas 3% deles tem mulher como última autora, uma conhecida posição de destaque e 13% tem mulher como primeira autora. Considerando as revistas com maior número de artigos, “Chemistry – A European Journal” e “Chemical Communication” (representam 52% do analisado), tem-se uma baixa porcentagem de mulheres como última autora (2%) e primeira autora (12%). Esses números são assustadores.

7.jpg

   Considerando a autoria de mulheres nos 20 artigos mais citados com autores brasileiros entre 1969-2018 (Web of Science), observa-se que a participação feminina não passa de 20%. Analisando todo o período, 80% dos artigos não tinham nenhuma mulher; Nos últimos 10 anos, tem-se a mesma porcentagem e só nos últimos 5 anos que parece ter uma mudança, chegando a 55% dos artigos sem participação de autoras brasileiras!

8.jpg

   Fazendo mais um recorte, buscou-se informações de autoria de mulheres em artigos (com autores brasileiros) das revistas da SBQ em 2018. No JBCS, 53% dos artigos tem mulher como primeira autora e 31% como última autora. Já na Química Nova, 55% tem mulher como primeira autora e 36% como última autora. Esses números são muito mais "animadores" com relação aos artigos publicados em revistas internacionais interdisciplinares com autores brasileiros. Enquanto nas revistas da SBQ chega a apenas a 13% os artigos sem qualquer autora brasileira, nas revistas selecionadas internacionais, esse número chegou a quase 80%!

9.jpg

   Ainda no assunto, foi verificada a autoria de mulheres nos 20 artigos mais citados (com autores brasileiros) das revista da SBQ (Sociedade Brasileira de Química). No JBCS, entre 1997-2018, 30% não tinham autoria feminina, o que reduziu para 15% nos últimos 5 anos. Na Química Nova, entre 1999-2018, 15% não tinham autoria feminina, o que não mudou nos últimos 5 anos. Isso é melhor do que o cenários dos 20 artigos mais citados em todas revistas internacionais com autores brasileiros, onde chega a 80% sem autoria feminina.

10.jpg

   Em conclusão, é possível verificar o cenário geral da carreira da mulher cientista no Brasil na área da Química. É evidente que ao subir na carreira, diminui-se muito a representação feminina. Enquanto tem-se 52% de pós-graduandas, tem-se apenas 12% de mulheres como bolsista produtividade 1A; 18% na Academia Brasileira de Ciências. A presidência de várias sociedades científicas e órgãos de fomento em todo período analisado teve apenas 4% de mulheres! 

11.jpg
bottom of page